Lucas

Quem escreveu o livro?

Enquanto o nome de Lucas nunca aparece neste Evangelho, a antiga tradição cristã atribui unanimemente o livro a ele. Um prólogo antigo, escrito para introduzir o Evangelho, descreve Lucas como um sírio de Antioquia. Com essa informação, podemos deduzir que Lucas provavelmente não era judeu. Paulo também o listou com outros gentios em suas saudações aos Colossenses (4:14). O tal prólogo continua a afirmar que Lucas finalmente se estabeleceu na cidade grega de Tebas, onde morreu aos 84 anos.¹

A própria introdução de Lucas para seu Evangelho indica que ele compôs a obra com a finalidade de fornecer uma interpretação cuidadosa dos eventos da vida de Cristo em ordem cronológica. Como médico, Lucas teria sido treinado como um observador atento, uma qualidade que seria de valor inestimável neste projeto. O resultado foi a primeira parte de uma obra de dois volumes escritos para Teófilo. Sabemos que o volume subsequente é Atos.

Qual o contexto?

Grande parte da datação do livro de Lucas depende da datação de Atos. O segundo volume de Lucas termina com Paulo preso em Roma antes de sua morte (68 d.C.) e mesmo antes da perseguição de cristãos que eclodiu sob Nero (64 d.C.). É lógico que o livro de Lucas foi concluído antes de Atos. Mas quando?

Atos 21:17 diz que Lucas acompanhou Paulo na última visita do apóstolo a Jerusalém, uma visita que ocorreu em 57-58 d.C. Eventualmente, os judeus prenderam Paulo no templo, uma provação de dois anos que terminou com a prisão de Paulo em Cesareia. Lucas provavelmente usou este tempo de ausência de Paulo para começar a reunir informações, a fim de escrever o Evangelho, a partir de fontes primárias, pessoas que testemunharam o ministério, morte e aparições da ressurreição de Jesus. Se Lucas começou a escrever seu Evangelho logo depois que a informação foi recolhida, então a obra pode ter sido concluída por volta de 60 d.C., depois que Paulo foi transferido para uma prisão romana.

Por que esse livro é tão importante?

O interesse de Lucas em pessoas é inegável. Grande parte do material exclusivo para o Evangelho de Lucas envolve interações de Jesus com as pessoas, muitas delas à margem da sociedade “aceitável” –pecadores, mulheres e crianças. Como Mateus e Marcos, Lucas registrou o incidente de uma mulher que veio a derramar perfume nos pés de Jesus. Mas Lucas foi o único escritor do Evangelho a salientar o fato conhecido por todos os presentes de que ela era uma mulher imoral (Lucas 7:37). De forma semelhante, encontramos somente em Lucas a conversa entre os ladrões crucificados ao lado de Jesus, e um deles defendendo Jesus e recebendo a promessa do paraíso. O retrato de Lucas sobre Jesus revela em nosso Senhor um homem que veio para ministrar e mostrar a compaixão a todas as pessoas, independentemente de sua posição na vida.

Qual é a ideia principal?

Assim como Mateus retrata Jesus como o Rei, e Marcos o revela como o Servo, Lucas oferece uma perspectiva única de Jesus como o Filho do Homem. Esta frase, “Filho do Homem”, foi a maneira favorita de Jesus para se referir a si mesmo.

Entre as personalidades exclusivas no Evangelho de Lucas,  o mais famoso é Zaqueu, o cobrador de impostos, um homem de baixa estatura que tinha de subir em uma árvore para ver as multidões enquanto Jesus se aproximava de sua cidade. Jesus acabou compartilhando uma refeição com Zaqueu na casa dele, para o grande desgosto dos líderes religiosos locais. Quando Zaqueu expressou seu pesar sobre o seu estilo de vida anterior e prometeu fazer a restituição, Jesus respondeu com o que se tornou o tema do Evangelho de Lucas: “Pois o Filho do Homem veio buscar e salvar o que estava perdido” (Lucas 19: 10). Lucas retratou Jesus como o Homem ideal de Deus, que oferece a salvação a toda a humanidade – tanto aos judeus quanto aos gentios.

Como colocar em prática?

A riqueza da interpretação de Lucas sobre Jesus tem profundas implicações para o nosso relacionamento com Deus hoje. Jesus caminha através do Evangelho de Lucas, ilustrando Seu cuidado profundo e duradouro para com as pessoas, independentemente do que eles tenham feito ou seu status na sociedade.

Você acredita que Deus ama você, não importa o que você tenha feito? O fato de que o eterno Filho de Deus condescendeu em Se rebaixar, tomar a forma humana, sujeitar-Se às limitações humanas e assim buscar o Seu povo em forma corporal, nos mostra claramente o quanto Deus cuida de nós e, por sua vez, como devemos cuidar dos outros.

Notas de rodapé

  1. Helmut Koester, Ancient Christian Gospels: Their History and Development (Harrisburg, Pa.: Trinity Press International, 1990), 335. (Google Books, acessado no 25 de março, 2010.)

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