Foi o diabo que me fez fazer isso?

Mais de trinta anos atrás Flip Wilson manteve a América às gargalhadas com seus personagens de televisão “Reverendo Leroy”, o simpático e pomposo pastor da “Igreja Do Que Está Acontecendo Agora”, e “Geraldine Jones”, a atrevida mulher negra em uma minissaia. Sempre que Geraldine comprava impulsivamente um vestido, ou fazia qualquer coisa que não deveria, ela se desculpava de seu pecado proferindo a frase que a fez famosa, “Foi o diabo que me fez fazer isso!”

A América riu de Geraldine e de sua desculpa obviamente esfarrapada. Na verdade, dizer: “Foi o diabo que me fez fazer isso”, tornou-se um furor em todo o país. Claro, todos nós sabemos que o diabo quer que nós pequemos, mas todo mundo sabia da verdade.

Hoje vemos uma teologia generalizada que parece ser uma mistura estranha entre o Reverendo Leroy e Geraldine. Encontramos ministérios com líderes que culpam o diabo e seus demônios dos pecados que nos afligem. Por exemplo, um ministério muito radical disse a uma mulher cristã que os visitou que seus problemas vieram de uma “legião” de demônios dentro dela, e, a fim de se livrar deles, ela precisava vomitá-los ali mesmo na igreja! Outros dizem que eles têm um “espírito de divórcio”, um “espírito de luxúria”, “negligência”, ou “procrastinação.” Esses espíritos são culpados pelos pecados das pessoas, e a solução para esses pecados, então, seria expulsar o espírito que causa os problemas. Geraldine ficaria orgulhosa.

Frequentemente, a Bíblia usa a palavra “espírito” para se referir a um demônio, muitas vezes, anexando uma palavra ou frase descritiva, como “espírito imundo” (Marcos 1:23), “espíritos malignos” (Atos 19:12-13), “espírito de enfermidade” (Lucas 13:11 ARC), e “espírito mudo e surdo”(Marcos 9:25). Palavras como “imundo” e “maligno” descrevem a natureza do próprio espírito. Mas frases como “espírito de enfermidade” e “espírito surdo e mudo” descrevem a aflição particular que os espíritos causam. Infelizmente, muitas pessoas cometem erro teológico a partir desses versos quando eles confundem a aflição com a transgressão, apontando um demônio para seu pecado.

A Bíblia nunca descreve a obra de demônios nas vidas dos crentes diretamente com termos de imoralidade. Em outras palavras, para dizer um crente tem um “espírito de luxúria” – se o seu verdadeiro problema fosse mesmo um demônio – assume-se algo que a Bíblia nunca ensinou. O reino demoníaco pode influenciar a moralidade de um crente. No entanto, a Palavra de Deus descreve a influência demoníaca na vida de um crente não como “possessão”, ou mesmo “opressão”, mas principalmente como tentação.

No Jardim do Éden, Deus confrontou o primeiro homem e a primeira mulher depois que eles pecaram, e sua reação define o rumo para uma raça inteira de pecadores.

Disse o homem: “Foi a mulher que me deste por companheira que me deu do fruto da árvore, e eu comi”.O Senhor Deus perguntou então à mulher: “Que foi que você fez?” Respondeu a mulher: “A serpente me enganou, e eu comi”. (Gênesis 3: 12-13, ênfase adicionada)

Adão culpou sua esposa (e Deus), mas depois confessou: “Eu comi”. A mulher culpou a serpente, mas depois confessou: “Eu comi”. É sempre mais fácil apontar o dedo a alguém ou alguma coisa quando pecamos. Nós até mesmo adicionamos as influências como genética e ambiente (“ A genética me fez fazer isso!”) para o nosso arsenal de desculpas. E enquanto estes podem desempenhar um papel em nos influenciar, juntamente com os demônios, a decisão final para pecar jaz diretamente sobre nossos ombros. Apesar da iniciativa do diabo, Deus responsabilizou Adão e Eva por seus próprios pecados. O diabo os seduziu, sem dúvida, mas ele não os fez cometê-los.

A solução de Deus para o seu pecado não veio por culpar Satanás. Em vez disso, Deus suscitou uma confissão dos pecadores, “eu comi”, e forneceu uma morte sacrificial em nome deles, removendo a sua vergonha (3:21).

Nada mudou. O plano de Deus para a remoção de nossa culpa envolve a remoção do pecado que causou isso, não retirar algum “espírito de (insira o seu pecado aqui)”. Em outras palavras, quando reconhecemos o nosso pecado e recebemos a provisão de Deus através da obra consumada de Cristo na cruz , temos o perdão que desejávamos quando estavamos acostumados a culpar a outra pessoa.

Então, como devemos reagir à tentação? Devemos conhecer e nos apegar à Palavra de Deus. Quando Satanás tentou Jesus no deserto, o diabo novamente tentou confundir a Palavra de Deus, como ele fez com a mulher no jardim. Mas Jesus não só conhecia a Escritura, Ele se agarrou a ela e mandou o Diabo embora (Mateus 4:1-11). Tiago 4:7 nos ensina a empregar a mesma estratégia, “Portanto, submetam-se a Deus. Resistam ao Diabo, e ele fugirá de vocês”.

Anote isto como um fato: Nós sempre vamos lutar contra a tentação nessa vida. Mas Deus não nos deixou sozinhos na luta. Ele providenciou tudo o que precisamos para derrotar o pecado e Satanás (Efésios 6:10-18; 1 João 4:4). Jesus nos ensinou a orar: “Não nos deixeis cair em tentação” (Mateus 6:13), e Ele disse aos discípulos: “Vigiem e orem para que não caiam em tentação.” (Mateus 26:41). Ele nos libertou do poder do pecado através de Sua morte e ressurreição (Romanos 6:1-14); Ele providenciou o Espírito Santo para nos ajudar a crescer à medida que nos submetemos à Palavra de Deus (Gálatas 5:16); Ele prometeu limitar a nossa tentação ao que podemos resistir, e Ele sempre fornece um meio de escape (1 Coríntios 10:13).

Não podemos expulsar a tentação. Mas podemos resistir. Nós temos uma grande oportunidade para glorificar a Cristo por responder com fidelidade diante da sedução do mal.

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Wayne Stiles recebeu seu Mestrado de Teologia em Ministérios Pastorais e Doutorado de Ministério em Geografia Bíblica no Seminário Teológico de Dallas. Em 2005, depois de servir no pastorado por 14 anos, Wayne se juntou à equipe dos Ministérios da Insight for Living, onde ele lidera e trabalha ao lado de uma equipe de escritores, editores e pastores, e serve como o Vice-Presidente Executivo e Diretor Principal de Conteúdos. Wayne e sua esposa, Cathy, vivem em Aubrey, Texas, e têm duas filhas na faculdade.