João 21:15-23
Eles estavam sentados em volta de uma fogueira às margens do mar da Galileia. Jesus e mais da metade de seus discípulos. A fumaça subia lentamente da fogueira, assim como o aroma de pão fresco e peixe assado. Conversas e risos ocorreram quando tomavam o café da manhã. Com certeza alguém comentou sobre como foi bom pegar mais de 150 peixes tão rapidamente. Quão delicioso deve ter sido saber que eles se reclinaram na areia com o Salvador ressurrecto no meio deles.
De repente, a conversa cessou. Jesus se dirigiu a Simão Pedro. Por alguns momentos conversaram sobre a profundidade do amor de Simão por seu Senhor. Deve ter sido doloroso para o bruto discípulo, mas ele respondeu a Jesus com sinceridade e humildade.
Então, abruptamente, como começou, a conversa termina – com uma ordem de Jesus para Pedro: “Segue-me!” Simples; fácil de se ouvir e entender. O Senhor queria o coração dele – sem nenhuma restrição. Jesus percebeu que seu discípulo estava afetivamente atraído, e o admirava grandemente. Mas agora pediu que estivesse completamente disponível, totalmente comprometido, sem nenhuma ressalva. Sua ordem foi perfeitamente calculada para retirar o pescador de cima do muro.
A resposta de Simão foi clássica. Pedro voltou-se e viu que o discípulo a quem Jesus amava (João) os seguia… Quando Pedro o viu, perguntou: Senhor, e quanto a ele?
Não é típico? O dedo apontado para Pedro, e ele tentou desviar a atenção perguntando a Jesus sobre João. “Senhor, mas e João? Você está pedindo para que eu o siga… e ele? Você não vai falar a mesma coisa para ele? Afinal, é um discípulo também!”
Olhe a resposta de Jesus. Isso deve ter doído. Respondeu Jesus: “Se eu quiser que ele permaneça vivo até que eu volte, que lhe importa? Quanto a você, siga-me.”
Essa conversa ficou encrustada na memória de Pedro. Tenho certeza que nunca mais esqueceu essa prova.
Agora, o que isso tem a ver conosco – com os membros de nossa família? Simplesmente que: seguir a Cristo é uma questão individual. O Senhor nos salva individualmente. Ele dá e comissiona individualmente. Fala conosco e nos direciona individualmente. Pedro esqueceu momentaneamente esse fato… Ele se tornou abertamente interessado na vontade de Deus para a vida de João.
Essa atitude parece um pouco com a sua? Pode ser que Deus esteja colocando você em uma experiência terrivelmente dura, até mesmo humilhante. Você está enfrentando a rigorosidade de um caminhar obediente… e talvez esteja olhando sobre a cerca ou através da mesa e se perguntando sobre a vida dele, ou o compromisso dela. Você está alimentando o pensamento; “Simplesmente não é justo”.
“O que lhe importa?”, pergunta Cristo. Quando o assunto é fazer a vontade dele, Deus não diz que você deve responder por alguém além de você mesmo. Pare de ficar olhando para os lados procurando igualdade! Pare de se preocupar com a necessidade de outros estarem fazendo o mesmo que você ou alcançarem aquilo que você foi chamado para alcançar. Deus escolhe os papéis que desempenhamos. Cada parte é única!
Alguns casais parecem especialmente escolhidos por Deus para enfrentar adversidades – a perda de um filho, uma prolongada e cruel enfermidade, tremendas dificuldades financeiras, uma inexplicável série de tragédias – enquanto outros dificilmente são tocados pela dificuldade. É tão fácil para o Pedro que existe dentro de nós atacar e amargamente lutar por uma “medida igualitária de dificuldades perante o Juiz”. Sua resposta permanece a mesma: “Meu filho, apenas siga-me. Lembre-se de que você não é o João… você é o Pedro”.
Deus te chamou para um difícil campo missionário… ou trabalho… ou situação familiar? Ele está conduzindo você a uma vida sacrificial… ou a rejeitar alguns prazeres? Se estiver – siga-o! E esqueça o João, ok? Se Jesus é grande o suficiente para cutucar os Pedros, então o será para cutucar os Joãos.
Trecho retirado de Crescendo nas estações da vida de Charles R. Swindoll. © 2003 Charles R. Swindoll Inc. Todos os direitos mundialmente reservados. Usado com permissão.