Jó 40, Salmo 84:10-12, Romanos 9:1-21
O som era ensurdecedor. Apesar de ninguém estar perto o suficiente para ouvi-lo, atualmente ele tem ecoado pelo mundo. Nenhum dos passageiros do DC-4 ficou sabendo o que aconteceu… Eles morreram imediatamente. Foi no dia 15 de fevereiro de 1947. O avião que decolou de Quito, Equador, colidiu a mais de 4.000 metros de altura com o monte El Tablazo, não muito longe de Bogotá, e então caiu como uma bola de fogo em uma ravina nas proximidades. Um jovem nova-iorquino, Glenn Chambers, foi uma das vítimas. Ele planejava começar um ministério com a Voz dos Andes, um sonho de vida, subitamente transformado em pesadelo.
Antes de sair do aeroporto de Miami, na manhã daquele dia, Chambers rabiscou um recado para sua mãe em um pedaço de papel que encontrou no chão do terminal. Aquele pedaço de papel fazia parte de um cartaz que continha somente a palavra POR QUE escrita bem no centro. Mas antes da entrega da carta pelo correio, Chambers estava morto. Quando a carta chegou, essa pergunta caiu como uma bomba sobre sua mãe – POR QUÊ?
De todas as perguntas, essa é a mais profunda, a mais atormentadora. Ela sai dos lábios de uma mãe que enterra seu recém-nascido, dos pais que ouvem o temido diagnóstico: “É leucemia”, da esposa que recebe a notícia da trágica morte de seu marido, do pai de cinco filhos que perde seu emprego.
Por quê? Por que eu? Por que agora? Por que isso? Nenhuma escala pode medir o choque e o horror que assola o sistema nervoso quando o ouvido recebe notícias como essas. Nenhuma preparação pode nos capacitar completamente para tais momentos. Poucos pensamentos podem acalmar nessa hora… talvez, apenas um.
Pense em Jó… Imagine seus sentimentos quando ouviu essas palavras: “Você perdeu todo o seu gado, ele foi roubado. Suas ovelhas e camelos também foram destruídos. Seus empregados foram assassinados, Jó. Mais uma coisa – uma terrível tempestade atingiu o lugar onde seus filhos estavam… eles morreram, meu caro, todos os dez.
Isso realmente aconteceu. Jó recebeu as notícias dentro de um período de cinco minutos. Pouco tempo depois ele estava com a doença mais dolorosa que se pode imaginar… queimaduras da cabeça à ponta dos pés. De luto. Atordoado. Confuso. Perdido no meio de dez covas. Foi uma agonia enorme, brutal. E o céu estava mudo. Nenhuma explicação em forma de trovão vinha do alto. Nenhuma razão. Isso era o suficiente para se deixar levar por esse cínico comentário: “Amaldiçoe a Deus e morra!” (assinado – Sra. Jó).
Abruptamente ele rebateu: “Você fala como uma tola, mulher. Devemos aceitar somente o bom do nosso Deus, e nunca adversidades?” Observe com cuidado o que Jó disse naquele dia. Não deixe escapar aquilo que fez com ele suportasse tudo o que ocorreu. Jó pegou um grande princípio e se agarrou a ele. Isso formou o nó no fim da sua corda, isso firmou os seus passos e o impediu de amaldiçoar a Deus. Foi o mesmo nó que uma mão com o coração em pedaços deu em Nova Iorque, no inverno de 1947. Nenhuma verdade simples remove a necessidade de se perguntar “Por quê?” como essa. Aqui está ela:
DEUS É MUITO BOM PARA FAZER ALGUMA CRUELDADE
MUITO SÁBIO PARA COMETER UM ERRO
E MUITO PROFUNDO PARA SE EXPLICAR
É impressionante ver como essa declaração apaga o “por quê?” das nossas inquietudes terrenas. Paulo declarou isso em outros termos:
Ó profundidade … da sabedoria e do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e inescrutáveis os seus caminhos! (Romanos 11:33)
É isso! Jó depositou sua esperança nessa verdade. A Sra. Chambers parou de se perguntar por que, quando viu quem estava agindo por detrás do palco. Todos os outros sons são silenciados quando Ele reivindica sua absoluta soberania. Mesmo o som ensurdecedor da queda de um DC-4.
Trecho retirado de Crescendo nas estações da vida de Charles R. Swindoll. © 2003 Charles R. Swindoll Inc. Todos os direitos mundialmente reservados. Usado com permissão.