Nossas igrejas precisam parar de ser santuários nacionais e ser mais como um barzinho de bairro, parar de ser catedrais inacessíveis e ser mais como hospitais bem procurados, lugares onde as pessoas levam seu sofrimento, e não monumentos para serem admirados, lugares onde as pessoas podem tirar a máscara e se abrir totalmente; lugares onde se possam curar feridas.
Um colega meu do corpo de fuzileiros navais, que recentemente se converteu, sentindo a falta de um local de refúgio para a alma, disse mais ou menos assim:
“…a única coisa de que sinto falta é do velho companheirismo com os caras do grupo, no barzinho da esquina. A gente ficava lá sentado, ria, contava casos, bebia umas cervejas e relaxava… era maravilhoso! Mas hoje não tenho ninguém para contar meus problemas, para falar de meus erros. Não encontro ninguém na igreja que queira passar o braço pelo ombro da gente e dizer que está tudo bem. Cara, a gente se sente muito sozinho ali!”.
Ele estava procurando pessoas que demonstrassem um amor verdadeiro… fiquei me remoendo, desejando que aquilo não fosse verdade. Desejava que aquilo fosse apenas uma implicância de um novo convertido; mas não era. Pare e pense um pouco. A quem vamos procurar quando nos sentimos desarvorados? A quem nós, os crentes, recorremos quando nos envolvemos num problema constrangedor ou ligeiramente escandaloso?
Quem nos ama o suficiente para ouvir o nosso pranto? Quem nos conforta quando nos sentimos esfacelados? Quem é que sabe ficar de boca calada e coração aberto? Quem é que nos abraça com uma atitude de compreensão, e espera com paciência até que nos sintamos melhor, sem ficar a citar versículos da Bíblia, quando o que mais merecemos é um bom puxão de orelhas? Quem age assim, sem nos dar logo um vídeo ou um sermão para ouvirmos? Sem contar nossos problemas para uma porção de crentes, para que eles possam “orar melhor”?
É, precisamos de mais abrigos para as vítimas da enchente. Não tem importância se esses abrigos, por fora, têm a aparência de uma igreja, desde que lá dentro, as pessoas não fiquem a exibir religiosidade. A maioria das pessoas que conheço e que estão com problemas, está saturada de crentes cheios de religiosidade. Realmente precisamos daquele aconchego especial.
Trecho retirado de Vivendo sem máscaras de Charles R. Swindoll. © 1987 Charles R. Swindoll Inc. Todos os direitos mundialmente reservados. Usado com permissão.