Namorando a minha filha

Sair com alguém não é nada de novo para a minha filha. Anos atrás, Rachel começou a deixar a nossa casa uma vez por mês para  jantar e ir ao cinema com o cara que ela amava: o pai dela. Não foi por falta de alternativas. Os meninos a convidaram quando ela tinha três, quatro, e duas vezes quando ela tinha seis anos. Todas as vezes ela enfaticamente disse não.

Em sua adolescência, ela colou um versículo da Bíblia na porta do seu quarto. Salmo 56:1 “Tem misericórdia de mim, ó Deus, pois os homens me pressionam”. De fato eles fizeram isso. Alguns apareceram segurando flores. Eu tinha ensaiado umas coisas inteligentes e espirituosas para dizer a eles, as ameaças que envolvem seus corpos pequeninos e pistola de grampo. Mas eu nunca tive dó, enquanto eles estavam nos degraus da frente de casa, suando frio, como se alguém  houvesse gritado “Pelotão! Preparar!…”

“Por que você não sai com eles?”. Eu me surpreendi fazendo essa pergunta.

“Eles não são do tipo de rapaz que eu quero casar”, disse ela. “Além disso, eu gosto de sair com o senhor. O senhor paga tudo.”

Há alguns anos atrás, um rapaz com o nome de Jordan começou a aparecer com regularidade. Seus nervos não eram tão bons também. Um dia desse, ele encostou na nossa pia e a torrada pulou da torradeira. Coitado, pareceu que ele tinha lambido uma cerca elétrica.

Porém, Jordan é extremamente útil em nossa casa. É surpreendente ver as coisas que esse rapaz fazia de graça. Ele limpou o nosso barracão, consertou a nossa secadora, cortou a grama, escavou a neve, e montou corretamente uma churrasqueira. Ele lava os pratos, varre o chão, e está mostrando um potencial real no departamento de limpeza da nossa geladeira.

Um dia, em junho passado Jordan balbuciou: “Eu… ia falar com o senhor sobre… sua filha. Eu realmente gosto dela.”

Eu tinha ensaiado algumas ameaças inteligentes e espirituosas para ele. Elas eram muito boas para não serem usadas. Enquanto eu afiava uma faca o informei que eu não sou realmente grande, mas eu tenho muitos amigos grandalhões. Que se ele quebrar o coração dela, eu iria quebrar algumas coisas que ele pode precisar. Eu disse a ele que nada no mundo é mais importante para mim do que essa garota; e que temos orado por ela todos os dias da sua vida. Que ela encontre um cara que não fala somente sobre Deus tanto quanto ele O ama de verdade. E eu disse a ele sobre as câmeras de vigilância que instalamos em cada quarto. E no carro dele.

Ele riu nervosamente e disse: “Eu vou ser bom para ela”. E ele tem sido.

Pouco antes de Natal, o entusiasmo do Jordan por tarefas domésticas chegou a um ponto culminante e, seu distúrbio nervoso também ressurgiu. Enquanto Ramona e eu empacotávamos os presentes de Natal uma noite dessa, ele bateu na nossa porta, e entrou na ponta dos pés como se fosse um porco-espinho entrando numa fábrica de balões.

“Eu… ia lhe perguntar sobre …”, longa pausa, “me casar com Rachael”.

“Será que ela já sabe sobre isso” foi tudo o que me veio à mente.

Ele sorriu.

“Senta aqui”, eu disse, protelando. Jordan sentou-se na cama. “Você tem o direito de permanecer calado”, eu o informei. Seu sorriso se alargou. “Falando sério, estamos observando e nós gostamos do que vemos. Você é um cavalheiro. Você a faz rir e vimos seu amor por Jesus. Você é um pastor de jovens então você vai estar quebrado. Sem problema. Nós estávamos também. Rachel me fez muito feliz. Ela vai fazer o mesmo por você, se você deixar. Lembre-se, eu saí com ela pela primeira vez, você sabia?”

Então eu lhe fiz algumas perguntas simples: Por que você gostaria de se casar com ela? Vocês vão estar mais fortes juntos do que separados? Como você pretende incentivar os seus dons? Você está honrando a ela agora? Como você vai honrá-la depois de colocar o anel? Como você vai ajudá-la a crescer mais perto de Deus? O que você vai fazer se o casamento não sair do jeito que você planejou? Coisas fáceis assim.

Ele gaguejou um pouco, então eu sugeri que falássemos sobre essas coisas durante os sete anos que ele passaria criando o gado para mim. O Jordan riu. “Você tem um grande senso de humor”, disse a ele.

“Eu acho que vou precisar disso”, disse ele. E todos nós rimos.

Em 28 de dezembro, o senhor Jordan Culp trouxe um conjunto de diamante em ouro, ficou de joelho, e desmaiou. Não, ele não desmaiou. Ele apareceu com uma pergunta: “Quer casar comigo?” Não foi a primeira vez que ela ouviu essa pergunta, mas desta vez Rachael começou a chorar e disse: “Sim”.

Nós não poderíamos estar mais felizes por eles. Mas como uma fita cassete de oito faixas ligada num aparelho de Blue-ray, percebemos que a vida muda rápido. Eu me encontro oferecendo mais orações agora, e menos conselhos não solicitados. Ontem à noite eu me encontrei do lado oposto das coisas quando eu perguntei ao Jordan: “Posso ter a sua autorização para sair com ela quando vocês tiverem casados?”

Às vezes a gente os vê no carro falando sobre o casamento em junho. (A imagem é bastante clara vista a partir destas câmeras de vigilância ultramodernas.) Eles estão planejando pratos de buffet, mas eu acho que deve ser uma festa americana no quintal. Pessoas com nomes de A até E trarão pratos quentes. De F a M saladas. Depois N a Z doces. Eu ainda não mencionei isso para Rachael. Mas eu tenho certeza que ela vai deixar essa decisão para mim.

Afinal das contas, eu sou o pai. Eu que pago por tudo!

O casamento é no dia 18 de junho.

Direitos autorais da tradução em português © 2013 Phil Callaway. Usado com permissão.

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Phil Callaway é um autor premiado, palestrante e pai de três filhos. Best-seller autor de 25 livros, Phil tem sido chamado de “o canadense vivo mais engraçado”, mas nunca por seus professores da escola. Ele é um convidado frequente na rádio e TV nacionais, apresenta o programa diário de 4 minutos de rádio Laugh Again, e escreve histórias engraçadas sobre a vida familiar em centenas de revistas de todo o mundo. Ainda assim, ele insiste que sua maior realização é convencer sua esposa a se casar com ele. Phil vive em Alberta, Canadá, com a esposa, sua namorada desde tempo do colégio, que normalmente o acha engraçado. Visite o site de Phil em www.laughagain.org.