Esta frase, “Homens passivos, mulheres loucas”, não é original. Ela vem do psiquiatra Dr. Pierre Mornell, cujo o livro leva esse mesmo título. É um bom livro, escrito em 1979, mas você pensaria que a tinta ainda está molhada. A questão que preocupa o Dr. Mornell é tão prevalente quanto relevante. E ela é encontrada em casamentos cristãos com a mesma frequência que nos não-cristãos. Ouso até dizer com mais frequência.
Em poucas palavras, é o problema de um homem passivo e preocupado, que é casado com uma mulher ativa e moderna. Ele não é necessariamente incompetente e tedioso. Ele pode até ser extremamente bem sucedido em seu trabalho. E ela não é necessariamente rebelde e hiperativa. Ela pode ser atraente, uma boa mãe e muito respeitada pelas suas amigas. O marido diz, em uma dúzia de formas diferentes, “Estou cansado… Me deixe em paz, por favor!”. Frustrada, a mulher pensa, “Eu preciso mais de você… Me dê algo que eu não estou recebendo”. Ela faz solicitações; ele as ignora. Ela fala mais alto; ele se afasta ainda mais. Ela aumenta a pressão; ele cai em silêncio mal-humorado. Ele finalmente se retira; ela vai à “loucura”. O cenário se repete em vários temas e com palavras diferentes em todos os cantos do globo. Não duvido que tais conflitos conjugais estejam presentes em cada quarteirão do seu bairro.
Dr. Mornell estava convencido de que o problema estava crescendo. Pensando naqueles que estiveram em seu divã, ele escreveu:
Ao longo dos últimos anos, tenho visto no meu escritório um número crescente de casais que compartilham um denominador comum. O homem está ativo, articulado, enérgico e geralmente bem sucedido em seu trabalho. Mas ele está inativo, inarticulado, letárgico e excluído em casa. Em seu relacionamento com sua esposa, ele é passivo. E sua passividade a leva à loucura… Das esposas que eu vi em terapia nenhuma é realmente louca ou desordenada, mas um grande número está irritada, atormentada, e confusa. Elas também são mulheres altamente inteligentes e talentosas de todas as idades que se tornaram super infelizes em seus casamentos. Sem dúvida, é por isso que eu as vejo em meu escritório.
Os maridos também são muito inteligentes, extremamente simpáticos, e, pelo menos a nível econômico, estão lá. Eles trabalham duro em seus negócios e vidas profissionais. Eles são excelentes provedores. (Eles quase têm obrigação de serem bons provedores para manter o nosso padrão de vida astronômico.) Mas, como eu disse, são ativos como podem no trabalho, e parecem incrivelmente passivos em casa. Eles estão cada vez mais impotentes, literal e figuradamente, com suas esposas. E eles recuam silenciosamente para trás dos jornais, revistas, TVs e copos de bebidas alcóolicas em casa. E talvez não tão silenciosamente recuados em negócios, compromissos nas noites da semana e atividades de fim de semana fora de casa.¹
A observação do Dr. Mornell continua a ser verdade hoje. O que exatamente é a causa dessa rota de colisão entre marido e mulher? Melhor ainda, quais são as causas dessa colisão? Há numerosas razões que estão por trás de tal impasse. E elas podem ser terrivelmente complexas, exigindo um profissional para desvendar os emaranhados. Seria impossível tentar fazer uma lista exaustiva, mas alguns fatos extremamente importantes merecem ser mencionados… e eu não desejo tomar o partido em nenhum deles. Dou valor à minha vida mais do que isso.
Primeiro, os homens e mulheres são diferentes – eles não têm nada semelhante. Essas diferenças não diminuem e desaparecem assim que as pessoas se casam. Elas ganham mais impulso! Temos de agradecer às extremistas do movimento feminista por tentar fazer a coisa mais difícil para nós em juntar todos como um só na humanidade. Ridículo! Os homens são diferentes e distintos das mulheres, até as células em seus corpos e as ligações das emoções do seu cérebro. O marido que esquecer isso está pedindo para ter problemas e “merece mais” do que a esposa põe à mesa… e a mulher que ignora isso só vai aumentar sua frustração. Ajuda tremendamente nos colocarmos no lugar do nosso parceiro (que é uma coisa extremamente difícil de fazer) e perceber, em seguida, honrar e respeitar as outras áreas de necessidades, os pontos de vista contrastantes, as peculiaridades inerentes ao sexo oposto. Tem um lugar que você vai acabar se você não conseguir fazer isso – no sofá. E aqueles que preferem escapes carnais às mudanças responsáveis, bem, eles muitas vezes acabam nos braços de outra pessoa, que não resolve nada e só complica os problemas.
Em segundo lugar, as parcerias harmoniosas são resultados do trabalho duro; elas nunca acontecem “por acaso”. Eu não sei de outra coisa melhor do que uma profunda, honesta comunicação regular. Leia essas últimas cinco palavras de novo, por favor. Não apenas falar, mas também ouvir. E não apenas ouvir, mas também escutar. Não apenas escutar, mas também responder com calma e gentileza. Em privacidade. Com respeito mútuo. Por períodos prolongados. O “trabalho duro” também inclui dar tanto quanto receber, dar exemplos do que você espera do outro, perdoar tão rapidamente quanto confrontar, colocar no casamento mais do que você espera dele. Sim, mais. Resumindo tudo em uma só palavra, que eu raramente ouço (especialmente dos maridos), é ser altruísta.
Não tem coisa melhor para quebrar essa síndrome de passividade-“loucura” do que tirar uns dias de descanso juntos. Sem as crianças. Sem a pasta de trabalho. Sem a TV. Sem o laptop. Sem nenhum compromisso para estar com alguém que vocês conhecem. Sem nenhuma agenda, com a excepção de separar um tempo para falar e pensar, para que vocês possam ficar no curso por outros dois ou três meses… ou talvez menos! Se vocês forem um casal passivo-“louca” – ou quase no limite – melhor fazer essa fuga. E quando vocês se retirarem, lembrem-se…
Livrem-se de toda amargura, indignação e ira, gritaria e calúnia, bem como de toda maldade. Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus os perdoou em Cristo. (Efésios 4: 31-32)
Essas palavras não são originais também. Mas elas com certeza vão ajudar a mantê-lo fora da divã de um conselheiro matrimonial, ou para esse caso, fora do seu próprio sofá.
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