(Atos 19:36)

“Mas, visto que estas coisas são incontestáveis, convém que vos mantenhais calmos e nada façais precipitadamente.”  (Atos 19:36)

Assim como uma pedra preciosa é fixada em um anel, cada trecho bíblico precisa ser compreendido dentro de seu contexto histórico. Em Atos 19, vemos Paulo encerrando seu ministério em Éfeso e se preparando para um novo desafio ministerial. Paulo permaneceu três anos em Éfeso, e, ao concluir essa etapa, voltou seus olhos para o futuro. Uma marca essencial de uma boa liderança é ter metas claras e objetivos definidos. Sonhos e planos ganham sentido quando estão alinhados a um propósito maior. Quem apenas vive o dia a dia sem uma direção não está, de fato, vivendo com propósito.

   Movido pelo Espírito, Paulo decidiu ir a Jerusalém, passando antes pela Macedônia e pela Acaia, e tinha o desejo ardente de chegar a Roma. Roma, centro do poder mundial, era a cidade mais influente de sua época. Ali estava o imperador César Augusto, e também viviam muitos cristãos, e Paulo sabia que alcançar Roma poderia abrir portas para influenciar os líderes mais importantes do mundo. 

   Quando você tem um sonho, um propósito e alguns objetivos na vida que realmente deseja ver realizados, sua tendência é deixar o imediato e se concentrar nos objetivos, em vez de permanecer fiel às tarefas necessárias que ainda estão acontecendo no presente. Nossa tendência é montar em nosso cavalo de corrida e galopar na direção dos sonhos, nos dedicando ao que achamos ser muito mais emocionantes. Mas quando confio meus pensamentos ao Senhor, Ele me sustenta em paz, e eu sigo firme em minhas responsabilidades e tarefas do presente, enquanto descanso na certeza de que Ele vai abrir as portas dos meus sonhos, no tempo certo.

   Quando você se apoia no Senhor, confiando que as coisas vão se estabilizar, sua vida deve naturalmente se tornar mais calma e fácil. Certo? Nem sempre. Com Paulo, por exemplo, as coisas só pioraram. Depois de Paulo se dispor a continuar a tarefa em Éfeso, mesmo com o sonho de ir a Roma em seu coração, aconteceu uma grande perturbação.  Imagine que você saiu do seu quarto de oração, onde conseguiu acalmar o seu coração, dizendo: “Senhor, não vou entrar em pânico; vou deixar esses sonhos com o Senhor”; então, de repente, tudo parece desmoronar.

   Paulo sonhava em ir a Roma, mas permaneceu fiel ao ministério em Éfeso. Foi nesse tempo que surgiu uma forte oposição: um ourives chamado Demétrio, temendo perder lucro com a venda de imagens da deusa Ártemis, incitou a cidade contra os cristãos. O tumulto rapidamente tomou grandes proporções, e até companheiros de Paulo foram arrastados para a arena. Era uma cena de puro pânico, e Paulo corria sério risco de vida. Vale lembrar: um ministério bem-sucedido não significa ausência de dificuldades. O que fez diferença em Paulo foi a paz interior, que não dependia das circunstâncias, mas da confiança em Deus. Enquanto a multidão gritava enfurecida, Paulo queria entrar e enfrentar a situação. Os discípulos, percebendo o perigo, tentaram impedi-lo: “Não faça isso, Paulo! É loucura!”. Mesmo assim, ele estava pronto. Por quê? Porque além de coragem, ele tinha paz. Não queria que seus amigos sofressem em seu lugar, e confiava que sua vida estava nas mãos do Senhor.

     E veja como Deus age: no auge da confusão, o próprio escrivão da cidade levantou a voz e acalmou a multidão, lembrando que não havia motivo para tamanha agitação.  “Mas, visto que estas coisas são incontestáveis, convém que vos mantenhais calmos e nada façais precipitadamente.” Um homem que nem era cristão, o escrivão da cidade, se tornou instrumento de paz naquele dia.

Se você ainda não conhece essa história em detalhes, leia Atos 19. Esse relato mostra como a fé pode nos dar serenidade até mesmo diante da oposição mais intensa.

Quando vivemos livres da ansiedade, não somos dominados pelo medo ou pela intimidação. Essa é uma definição preciosa de paz: a capacidade de manter a calma apesar das circunstâncias mais adversas. Foi exatamente o que Paulo demonstrou em Éfeso. No meio do caos, permaneceu firme. Sua confiança no Senhor o sustentava.

   A paz que o Senhor nos dá não elimina os problemas, mas nos guarda em meio a eles. E, quando escolhemos confiar n’Ele, ao invés de nos entregarmos ao pânico, nossa postura se torna um testemunho silencioso, mas poderoso, para quem nos observa.

     Oração:Senhor, que a Tua paz seja um testemunho vivo da Tua presença em minha vida. Amém.